quarta-feira, 28 de março de 2012

A mitologia egípcia

As divindades e a criação do mundo
versão livre de Ekatala Keller


Nun, o oceano primordial da não existência, deu origem a Rá – a divindade criadora, que espirrou Shu, o deus do ar seco e Tefnut, a deusa do ar úmido.
E então, Rá enviou os dois deuses Shu e Tefnut em uma viagem pelo oceano.

Rá detinha os poderes de criação e ficou mais conhecido como o deus-sol. Através de seus poderes, criou Maat - a deusa da harmonia universal. Mas como precisava de um lugar seco para continuar a sua criação, ordenou ao oceano Nun que se afastasse e foi então que encontrou uma ilha rochosa chamanda de Benben. Essa foi a rocha escolhida por Rá, e sobre a pedra chamou à existência os elementos primordiais.

Enquanto isso, Shu e Tefnut continuavam a viagem pelo oceano. Eles se tornaram amantes e Tefnut engravidou de um casal de gêmeos, que receberiam os nomes de Nut e de Geb.
Assim, Nut e Geb se conheceram ainda dentro do útero da mãe.

Quando os dois nasceram, Shu percebeu que os irmãos estavam unidos em cópula e, num ímpeto de fúria, elevou nos braços a sua filha Nut e a suspendeu bem alto, separando-a de Geb, pisando sobre ele. E foi nesse instante que Nut virou o céu, Geb se transformou na terra e o nosso planeta foi criado.

Ainda hoje, durante o dia eles são separados pelo próprio pai - Shu, o poderoso deus do ar. Mas como eles se amam incondicionalmente, todas as noites eles se encontram escondidos de Shu, exatamente quando o sol se apaga ao entardecer. (Na verdade é a deusa Nut que o engole o astro rei para descer vestida de estrelas com o seu corpo nu, para se encontrar com o Geb, criando a escuridão da noite para que o encontro seja secreto.
Então, eles se unem a partir de cada crepúsculo e como amantes apaixonados, eles se abraçam em cópula, fazendo amor.


E é no breu da noite que eles se fundem. Dessa forma, através da unificação de opostos entre a materia e o abstrato - o masculino e o feminino – que o planeta terra se enche de prazer, de fertilidade e de vida. Assim, Nut novamente dá à luz todas as manhãs ao disco solar e os ciclos se renovam. E na pausa entre o encontro amoroso e a separação de Nut e Geb, que o dia acontece.

Mas, voltando a estória, conta a lenda que Nut era prometida e casada com Rá, o poderoso deus dos deuses. Quando Rá descobriu a paixão secreta da esposa ficou furioso e decretou que ela não poderia ter filhos durante os 360 dias do ano. Infeliz, Nut pediu ajuda a Thoth, o deus da sabedoria.
Thoth pegou um pouco da luz da lua - que naquela época era tão brilhante quanto o sol para criar novos dias. E foi a partir daí que a lua passou a ter as suas fases, crescendo e decrescendo por causa da luz que perdeu, criando-se as quatro fases da lua. A seguir, as quatro estações do ano foram percebidas e surgiram em harmonia os quatro elementos mais importantes da vida na terra: fogo, terra, ar e água.

Dessa maneira, a deusa teve Osíris, Set, Néftis e Ísis, as maiores divindades do Egito. E o nosso calendário passou a ter 365 dias em homenagem aos filhos de Nut. Existe uma lenda que inclui entre os filhos de Geb e Nut, os poderes de Hórus, que também seria dessa descendência, filho de Ísis e de Osíris. Sabe-se que através da força extra-sensorial do olho de hórus o ser humano é capaz de ver a a essência mais profunda - a realidade exatamente como ela é – despertando assim, a consciência de si mesmo.

Hoje em dia, o símbolo do olho de Hórus também é usado para evitar o mal e continua com a idéia de trazer proteção espiritual e expandir o terceiro olho através do sexto sentido, trazendo luz e compreensão além dos limites da mente humana.

Além dos filhos e deuses, o amor de Nut e Geb gerou as estrelas, e toda a matéria viva na terra como as plantas, as flores e as estações do ano.

O equílibrio existencial entre as energias opostas é exatamente o grande sentido da vida de todos os seres humanos em alcançar a compreensão de si mesmo na evolução terrena. E somente através da compreensão dos elementos primordias é que a astrologia pode se tornar um portal revelador , pois a linha de 180 graus que separa os opostos complementares diz respeito exatamente ao distanciamento e a aproximação dos mitos de Nut (energia cósmica) e de Geb (energia terrena), que se aproximam e se completam.


Nut e Geb representam o sol em essência, a lua em emoção e o planeta em fertilização. E assim foi o princípio de tudo. Ou quase tudo.

Particularmente, eu gosto muito da visão flexível e atual em perceber Nut – essencialmente feminina: a noite, as fases da lua – representando as atividades masculinas da criação como engolir o sol - o fogo, e descer pelo ar para fazer amor com Geb.
E da mesma forma, deliberadamente, o mito Geb – essencialmente masculino – representando os elementos femininos da criação, pois espera passivamente pela descida da amada Nut para abraça-lo, e assim em amor, fecundá-la.

Essa aparente inversão em nada diz respeito à sexualidade e ao ego construtor do ser humano, e sim ilustra com liberdade os opostos internos da matéria biológica de que somos feitos: 50% da herança genética do pai e 50% da herança genética da mãe. Energeticamente, somos uma composição entre o masculino e feminino, e podemos (e devemos!) desenvolver todo esse potencial de forma criativa e saudável.

Dessa forma, Geb é considerado o deus da terra, elemento distinto, pronto a ser fertilizado e produzir seus frutos e Nut é considerada a mãe de todos os deuses e representa significativamente o firmamento e o espaço infinito. É a mãe das estrelas, cujo corpo se curva acima da terra para formar o arco dos céus - o arco da abóbada celeste - que se derrama sobre o planeta, simbolizando a união entre o corpo e a alma, entre a matéria e o espírito, entre o sagrado e o profano e principalmente, entre o masculino e o feminino.

Astrologicamente Vênus rege Nut na fertilidade feminina de Touro e na agilidade masculina de Libra, e Marte rege Geb na virilidade masculina de áries e na profundidade feminina de Escorpião. Partindo dessa analogia sem distinção sexual percebe-se que homens e mulheres são de Marte assim como homens e mulheres são de Vênus.

O Sol representa o pai e o brilho próprio (significa o signo solar de cada um de nós).

A posição da Lua significa a mãe e as características do signo lunar representam as memórias da criança interior – os padrões emocionais adquiridos na primeira infância.

O planeta Terra significa o lar e todas as áreas da vida e é ligado pela comunicação ágil de Mercúrio, um planeta com expressão feminina em Virgem e comunicação masculina em Gêmeos.

Curiosidades:-

Existe uma sincronia entre os movimentos de rotação e revolução da lua. Por causa disso, ela mantém sempre a mesma face voltada para a terra e uma mesma fase lunar ocorre para o mundo todo, não importando a localização do observador. Porém, elas são vistas de formas diferentes.

Atualmente, o elemento Metal, que seria o 5° elemento de criação, representa o futuro da humanidade - aquilo que ainda não foi definitivamente revelado - mas que já está presente em vida e importância no universo.
Geb também era considerado deus da morte, pois se acreditava que através de sua força sagrada os espíritos maus eram aprisionados, para que não pudessem ir para o céu. Curiosamente, conta-se que a deusa Nut também era invocada como deusa celestial. No túmulo de Tutankhamon foi encontrado um peitoral, junto a sua múmia, rogando: “Nut minha divina mãe, abre tuas asas sobre mim enquanto brilharem nos céus as imorredouras estrelas.”

Antigamente, o olho de Hórus - juntamente com o símbolo da serpente - simbolizavam a força real e os faraós maquiavam o seus olhos como o olho de Hórus e usavam serpentes esculpidas na coroa como proteção, sabedoria e poder.

Versão livre do mito de Nut e Geb, por Ekatala Keller
As imagens contidas no post foram compiladas da internet

Além da Astrologia, um livro de Ekatala Keller
Fotografia de Ekatala Keller e Alexandre Devananda

Contato pelo site http://ekatala.com.br
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